Tudo começa mais ou menos assim. Primeiro, são os metais, que dão o sinal de que algo grandioso está prestes a acontecer. Depois, surge uma voz, com sotaque jamaicano, trazendo o aviso: “Estamos partindo, para frente, sempre”. Ela segue: “Nós abrimos nossos olhos e deixamos a luz do amor brilhar. Serei seu irmão na mais escura das horas”. A batida vem se formando, inicialmente só com o bumbo, e vai ficando cada vez mais potente à medida em que outras partes vão se juntando. “Se você não sabe meu nome…é Julian Marley”, revela a voz. Há uma breve pausa e depois do comando, “Aumente o fogo!”, a música ganha o reforço de uma estrondosa linha de baixo e explode em todas as direções. É “If you don´t know my name”, música nova de Bruno Martini, chegando na área.
O novo trabalho do DJ, produtor e multi-instrumentista brasileiro é um groove musculoso, com DNA de reggae. E que DNA! Além de Julian Marley, filho de Bob Marley, a faixa conta com a participação de Andrew Tosh, filho de Peter Tosh. A essa realeza do reggae, junta-se também o MC norte-americano Mistaa Mike. Fazendo jus ao título, Mike foi, de fato, o mestre de cerimônias da faixa, aproximando os peixinhos Tosh e Marley de Martini, que também tem seus genes musicais (é filho de Gino Martini, do grupo italiano Double You, sucesso internacional nos anos 90).
“Eu já tinha o esboço dessa música, com o título provisório de ‘Bob Marley’, mas nunca podia imaginar que ia gravá-la ao lado desses dois membros da realeza do reggae”, conta Martini. Ex-integrante do grupo pop College 11 (ao lado de Mayra Arduini), primeiro nome brasileiro contratado pela Disney Records no começo dos anos 2010, Martini evolui para a carreira solo em 2016, mirando nas pistas de dança, sem nunca deixar de lado a fantasia e também as boas parcerias. O hit que marcou essa sua nova trajetória, a assoviável “Hear me now”, chegando perto de 700 milhões de visualizações no Spotify, já trazia uma colaboração com Alok e Zeeba. Depois dele, vieram outras parcerias de sucesso, com Katy Perry, Timbaland, Luísa Sonza, Lady Gaga, Cat Delars e Iza, entre outros.
“Mas essa era uma parceria diferente, que me trazia novos desafios”, revela ele sobre sua expectativa em relação a “If you don´t know my name”. A solução encontrada foi, mais uma vez, trabalhar em equipe. Através de Mistaa Mike, Martini soube que Julian Marley estava no Brasil. “Entrei em contato com ele, trocamos ideias e ele topou participar, o que me deixou muito surpreso e feliz, mas em seguida ele voltou para Miami e tudo ficou em suspenso”. Logo depois, veio outro aviso de Mike: Andrew Tosh estava no Brasil. Dessa vez, porém, tudo se encaixou. “Ele veio no estúdio e gravamos rapidamente”, conta Martini. Como uma coisa parece puxar a outra, Marley reapareceu e imediatamente mandou sua parte de Miami. Por fim, Mike gravou suas intervenções como MC.
Restou a Martini fazer a edição final, costurando todas as partes, adicionando um tempero jamaicano à produção. “Tem trechos da música que ganharam bastante percussão. Toquei também algumas partes do baixo e botei muito delay na guitarra, pra tudo ficar mais orgânico. No final, foi muito legal esse processo porque tivemos um debate de ideias muito saudável, todo mundo contribuindo com sugestões para que a faixa ficasse do jeito que queríamos”, conta ele. “Para mim, foi um desafio sair da minha zona de conforto, misturando reggae com eletrônico, sem deixar de ser pop. Acho que para o Julian e o Andrew rolou um desafio também, de sair do universo deles”.
O clipe da música traz um pouco desse clima, mostrando Martini, Marley, Tosh e Mike em estúdio, gravando e dançando no embalo da música, que traz um novo colorido para o repertório de Martini como DJ. Assista:
“Estou muito animado para ver como vou inserir ela nos meus sets e também para ver como será a reação da pista”, revela ele, que conta um bônus especial trazido por essa parceria. “O Andrew me ligou outro dia. Achei que era para saber da música, mas, no final das contas, ele só queria saber como eu estava. Foi muito bacana essa atitude dele. Tô até pensando em viajar pra Jamaica para encontrá-lo”.
Carlos Albuquerque