Trinta e três anos depois, o Queen entrega Long Lost Original LP Cut (Corte do LP Original Perdido) do clássico álbum de 1989
Inclui “The Miracle Sessions”, contendo mais de uma hora de gravações de estúdio inéditas, incluindo seis músicas inéditas nunca antes lançadas, além de áudio intimista da banda trabalhando (e tocando) no estúdio
Amplamente reconhecido como o álbum mais forte do Queen nos anos 80 – e um de seus mais inspirados – o lançamento de “The Miracle”, em 1989, foi um sucesso global. O disco alcançou o 1º lugar no Reino Unido e em vários mercados europeus importantes, até mesmo restabelecendo a banda nos Estados Unidos, onde recebeu Disco de Ouro. Brian May sempre citou a faixa-título como sua música favorita do Queen de todos os tempos.
As sessões extremamente prolíficas de “The Miracle” começaram em dezembro de 1987 e se estenderam até março de 1989. Foi um dos períodos mais importantes da história do Queen. Quinze meses antes, em 9 de agosto de 1986, a poderosa Europe Magic Tour, do Queen, havia terminado em alta, diante de um público estimado em mais de 160 mil pessoas em Knebworth Park, na Grã-Bretanha. Quando a banda deixou o palco naquela noite – brindando ao principal e mais emblemático show de sua maior turnê até aquela data – eles dificilmente poderiam ter previsto que Knebworth marcaria um limite para a banda. Este seria o último show ao vivo do Queen com Freddie Mercury e o primeiro de uma cadeia de momentos cruciais que levariam a uma longa separação para a banda.
Levaria 15 meses e uma reestruturação radical da dinâmica interna da banda antes que o Queen se reagrupasse no Townhouse Studios, em Londres, em 3 de dezembro de 1987, para começar a trabalhar em seu 13º álbum de estúdio. Pela primeira vez, o Queen compartilharia os créditos de composição igualmente, independentemente de quem concebesse cada música, um consenso de opinião que teria resultados férteis. “Dividir os créditos foi uma decisão muito importante para nós. Deixamos nossos egos do lado de fora da porta do estúdio e trabalhamos juntos como uma banda de verdade – algo que nem sempre foi o caso. Gostaria que tivéssemos feito isso 15 anos antes“, diz Brian.
Disse Roger: “As decisões são tomadas por mérito artístico, então ‘todo mundo escreveu tudo’. Essa passou a ser a verdade, em vez de ego ou de qualquer outra coisa que ficasse no caminho. Parece que trabalhamos juntos melhor agora do que antes. Somos personagens com bastante altos e baixos. Temos gostos diferentes em muitos aspectos. Costumávamos ter muitas discussões no estúdio, mas, desta vez, decidimos compartilhar todas as composições, o que eu acho que foi muito democrático e uma boa ideia“.
Essa demonstração de unidade foi elegantemente transmitida pela capa de “The Miracle”, feita pelo diretor de arte da banda, Richard Gray, que retrata as quatro faces dos membros do Queen fundidos em um. “A arte da capa representa a unidade do grupo na época: uma fusão perfeita de quatro pessoas tornando-se uma só“, disse May. “Estávamos também lidando com a deterioração da saúde de Freddie e nos unindo para apoiá-lo“.
Embora Freddie não pudesse mais fazer turnês, o Queen permaneceu sendo uma banda de recursos criativos assombrosos. Como John Deacon insinuou, eles canalizaram sua química ao vivo para o estúdio: “Nas primeiras semanas de gravação, fizemos muito material ao vivo, muitas músicas e algumas jams; e as ideias surgiram“.
‘Party’ e o rock bruto ‘Khashoggi’s Ship’ “evoluíram naturalmente, de imediato“, disse Freddie. Inspirada por algo que Anita Dobson diria (e mais tarde adotada por protestos antiapartheid), a maciça ‘I Want It All’ foi – embora escrita antes de a banda entrar no estúdio – uma expressão contundente dos poderes de rock pesado do Queen. “Nós nunca conseguimos tocar essa música ao vivo com Freddie“, disse May. “Seria uma espécie de núcleo básico do show do Queen, tenho certeza, porque era muito participativa – projetada para que o público cantasse junto – um hino“.
Diz Roger: “Muitas das faixas de ‘The Miracle’ têm material de primeira tomada; nós tentamos preservar esse frescor. Tentamos capturar todo o entusiasmo que tínhamos de tocar juntos como uma banda“.
As composições do Queen também refletiam suas circunstâncias pessoais. O drama de ‘Scandal’ foi o golpe pessoal de May na intrusão da imprensa nos respectivos assuntos pessoais dos membros da banda. Elogiada por Deacon, a música ‘Was It All Worth It’, a mais próxima de Freddie, foi interpretada em retrospectiva como uma reflexão sobre a saúde do cantor.
Outro ingrediente na mistura foi David Richards, que tinha trabalhado com o Queen como engenheiro assistente em “Live Killers”. Depois de mais créditos em “A Kind of Magic” e “Live Magic”, Richards passou a ser coprodutor de “The Miracle”, elogiado por May por sua proeza técnica “whizz kid (garoto prodígio)”.
Os meses no estúdio deram origem a mais de 30 músicas, mais do que o Queen poderia precisar para um álbum. Dez faixas foram selecionadas para formar o lançamento, com outras mais tarde aparecendo como B-sides ou faixas solo, ou levadas para os álbuns “Innuendo” e “Made in Heaven”. Cinco singles de sucesso apoiaram o álbum.
Diz Brian: “Tínhamos todos esses pedaços e partes de faixas. Algumas delas estavam semiacabadas, outras eram apenas uma ideia e algumas estavam quase terminadas. Isso meio que aconteceu realmente por conta própria. Há algumas faixas que você sempre quer lançar e trabalhar. E assim elas são finalizadas. E há algumas faixas que você pensa: ‘Oh, ela é ótima, mas eu realmente não sei o que fazer com isso nesse momento’, então elas naturalmente são deixadas de lado“.
A maioria dessas faixas de sobras de sessão permaneceu intacta nos arquivos do Queen nos últimos 33 anos.
Entretanto, para o hardcore do Queen, um dos elementos mais aguardados do novo conjunto de caixas é o CD “The Miracle Sessions”, com takes originais, demos e takes crus do álbum completo, além de seis faixas adicionais inéditas nunca antes lançadas.
Tentador o suficiente para que este disco de mais de uma hora ofereça a primeira transmissão oficial de músicas quase míticas como “Dog With A Bone”, “I Guess We’re Falling Out”, “You Know You Belong To Me”, e a pungente “Face It Alone”, lançada como single em outubro. Acrescente-se a isso o tesouro submerso que abrange os takes originais e demos até cortes brutos que sinalizam o que o álbum “The Miracle” se tornaria.
Mas talvez as verdadeiras pedras preciosas do CD “The Miracle Sessions” sejam os segmentos falados que encerram os takes musicais. Enquanto a fita de estúdio continua rolando em Londres e Montreux, os quatro membros são pegos em sua mais sincera franqueza, dando aos ouvintes a experiência de estar entre Freddie, Brian, John e Roger, enquanto eles brincam, debatem, trocam piadas e mostram alegria e ocasionais frustrações.
Com a banda chegando ao estúdio com escasso material planejado, essas sessões encontraram o Queen em seu momento mais inspirado e impulsivo, e essa atmosfera se reflete não apenas na música, mas nas trocas familiares que a pontuam. Como disse Freddie: “Acho que é o mais próximo que já estivemos em termos de realmente escrever juntos“.
“Before we all pass out, can I just try this?”
Freddie Mercury (‘I Want It All’)
“I don’t want to do the fancy bits now… I’ll do them later.”
Brian May (‘Khashoggi’s Ship’)
Ouvida pela primeira vez na história do Queen, os takes das conversas de “The Miracle Sessions” convidam os fãs para o chão do estúdio a fim de experimentar a dinâmica sem verniz da banda, mais natural e reveladora do que qualquer entrevista ‘oficial’ à imprensa. Essas trocas desprotegidas – por vezes maliciosas, encorajadoras, espirituosas, até mesmo afetuosas – capturam a banda como ela realmente estava durante o florescimento tardio de “The Miracle”, vibrando com entusiasmo renovado em seu retorno ao estúdio e impulsionado por uma química rara que vomitava faíscas.
Outra novidade do box set é a reintegração de “Too Much Love Will Kill You”. “The Miracle” foi originalmente planejado para ser um álbum de 11 faixas, mas “Too Much Love” foi removida no último minuto, devido a problemas não resolvidos com a editora. Mais tarde, a versão original do Queen surgiria em “Made in Heaven”, em 1995, com o vocal principal de Freddie. Embora a versão em CD do álbum permaneça fiel à ordem familiar de execução das dez músicas, o disco em vinil nesse “Collector’s Edition” marca a primeira vez que “Too Much Love Will Kill You” foi apresentada como parte do álbum, na posição exata no Side One, que lhe foi atribuído em 1989.
“The Miracle Collector’s Edition” transborda com raridades, outtakes, instrumentais, entrevistas e vídeos, incluindo a última entrevista que John deu no set do vídeo para o single “Breakthru”. O conjunto ricamente embalado também inclui um livro de 76 páginas com fotos inéditas, cartas manuscritas originais do fã-clube da banda, críticas da imprensa da época e extensas notas de encarte com lembranças de Freddie, John, Roger e Brian tanto no making of do álbum quanto em alguns de seus vídeos mais icônicos. “The Miracle Collector´s Edition” já está disponível para pré-venda na UMusic Store.
Apresentando uma infinidade de insights fascinantes sobre um momento extremamente importante na história do Queen, este é o “The Miracle” que os fãs estavam esperando.
*************
Queen The Miracle Collector’s Edition
Lista do Conteúdo
VINIL LP: The Miracle
Long Lost Original LP Cut (Corte do LP Original Perdido)
The Miracle como nunca antes ouvido. Originado de uma fita master de março de 1989, o Long Lost Cut (Corte Original Perdido) reintegra ‘Too Much Love Will Kill You’ como foi originalmente planejado, na posição exata no Side One, alocado em 1989, aninhado entre ‘I Want It All’ e ‘The Invisible Man’. A capa atualizada do LP apresenta o álbum com uma capa gatefold pela primeira vez em sua história.
CD 1: THE MIRACLE
O álbum como lançado originalmente em CD, remasterizado por Bob Ludwig em 2011 a partir das mixagens master originais de primeira geração.
CD 2: THE MIRACLE SESSIONS
Uma fascinante janela sobre o processo criativo da banda, apresentando takes originais, demos e versões iniciais, incluindo o novo single “Face It Alone”, além de seis faixas inéditas nunca antes ouvidas. Igualmente reveladoras – e certamente valorizadas pelo hardcore do Queen – são as conversas entre os quatro membros nos estúdios Townhouse, Olympic e Mountain, dando aos ouvintes um retrato único de sua amizade e dinâmica de trabalho.
CD 3: ALTERNATIVE MIRACLE
Recria o seguimento proposto para o álbum, Alternative Miracle. Originalmente considerada na época, esta compilação de faixas extras de The Miracle, B-sides, versões estendidas e versões single foi cancelada devido a um pesado cronograma de lançamento.
CD 4: MIRACU-MENTALS
Instrumentais e backing tracks (faixas de apoio) das dez músicas que compõem The Miracle.
CD 5, THE MIRACLE RADIO INTERVIEWS
A banda comenta, em suas próprias palavras, o processo criativo por trás do álbum. A primeira entrevista, Queen for an Hour, foi transmitida na BBC Radio 1 em 29 de maio de 1989. O apresentador Mike Read fala com a banda para o que seria a entrevista final do grupo. Nesta entrevista, Freddie sugere, pela primeira vez, que seus dias de turnê terminaram.
A segunda entrevista apresenta Roger Taylor e Brian May conversando com o apresentador Bob Coburn e recebendo ligações telefônicas ao vivo no popular programa de rádio americano Rockline.
BLU-RAY / DVD: The Miracle Videos
The Miracle Videos incluem os cinco vídeos musicais promocionais e conteúdo bônus nos formatos Blu-ray e DVD.
‘I Want It All’
‘Breakthru’
‘The Invisible Man’
‘Scandal’
‘The Miracle’
E Mais:
The Miracle Interviews:
Entrevistas com Roger, Brian e John no set de filmagem de ‘Breakthru’ em junho de 1989, por Gavin Taylor.
John Deacon não deu mais entrevistas desde aquele dia.
The Making of the Miracle Videos:
Contém imagens dos bastidores dos vídeos ‘I Want It All’, ‘Scandal’, ‘The Miracle’ e ‘Breakthru’.
The Making of the Miracle Album Cover:
O designer gráfico do Queen Richard Gray fala e demonstra como ele fez a inovadora capa do álbum The Miracle.
THE MIRACLE
COLLECTOR’S EDITION – 2022
Produtores Executivos: Brian May e Roger Taylor
Todas as faixas foram escritas pelo Queen
Exceto: ‘Too Much Love Will Kill You’ (May, Musker, Lamers),
´My Melancholy Blues’ (Mercury), e ‘You Know You Belong To Me’ (May)
Conteúdo supervisionado por Justin Shirley-Smith, Kris Fredriksson e Greg Brooks.
Compilação e restauração de áudio Kris Fredriksson
Projeto gerenciado por Emma Donoghue
Em uma leitura sempre fascinante e às vezes divertida, o livro de arte com capa dura The Miracle Collector’s Edition também analisa duas páginas sobre como os críticos da época responderam a The Miracle em seu lançamento original.
QUEEN ‘The Miracle’
The Miracle mostra o Queen mais uma vez redefinindo o Rock ‘N’ Roll em seus próprios termos, ignorando estoicamente aqueles de mente estreita ou estúpidos demais para entender a ideia.
O vocalista Freddie Mercury sempre atraiu a maior quantidade de críticas dos críticos muito ocupados rastejando em seus próprios traseiros para reconhecer as ironias autodepreciativas do homem, ou para reconhecer o fato de que ele é um dos maiores vocalistas de Rock de todos os tempos. Exemplos? Todas as faixas, eu temo. `Breakthru’ e ‘Scandal’ provam que ele ainda pode alcançar as notas mais altas com facilidade, enquanto ‘Rain Must Fall’ e ‘My Baby Does Me’ o apresentam cantando com uma intensidade comovente. Lindo.
Desta vez não há créditos individuais de canções, por isso é difícil avaliar as contribuições do baterista Roger Taylor ou do baixista John Deacon, mas aposto que Deacon teve mais do que uma mão nos momentos mais funk de ‘Khashoggi’s Ship’. Enquanto isso, ‘The Invisible Man’ soa distintamente Tayloresco, com suas passagens rítmicas misteriosas e embaralhadas e trabalho de baixo.
Os arranjos são bastante extraordinários, resultado da capacidade da banda de se envolver em qualquer gênero musical que eles bem entendem, sem dúvida alimentados pelas excursões individuais dos membros em campos tão diversos quanto Ópera e Metal. Tanto a faixa-título quanto “Was It All Worth It” apresentam o tipo de engenhosas reviravoltas orquestrais que permaneceram como marca registrada da banda desde os dias agitados de “The March Of The Black Queen” (“Queen II” – 1974), quando `Nobody played synthesiser´ (Ninguém tocava sintetizador).
…Eu poderia continuar, mas o espaço não permite (‘Graças a Deus´ – descanso do escritório da RAW). Vamos apenas dizer que o Queen sempre será o coração culto do Rock ‘N’ Roll … e é tão bom tê-los de volta.
[Maura Sutton. Revista Raw. Maio de 1989)
QUEEN ‘I Want It All’ (Parlophone)
Eles podem ser uma instituição de longa data, mas o Queen ainda sabe como enfrentar os jovens roqueiros malcriados de hoje em dia quando têm este desejo. Em um retorno tipicamente extravagante, o Queen colocou seus sapatos de discoteca por um tempo e voltou para a sua própria marca gloriosa de Power metal.
Não há outro som tão quente e suave como o da guitarra de Brian May, e aqui ele luta com o velho e engraçado Freddie em um modo grind, como ‘IWIA’ constrói um clímax de enchimento de estádio. Rock teatral com garra.
[Neil Perry. Sounds. 6 de maio de 1989]
CARRY ON CAMPING
`THE MIRACLE’ é um bom, antiquado e adoravelmente absurdo álbum do Queen. É uma extensão de tela widescreen que vai do funk borbulhante ao rockstomp, passando pelo tipo de melodramas excêntricos e épicos que engrossaram os primeiros álbuns.
`The Miracle´ é um entretenimento fantástico – extravagante, excêntrico, def Queen.
[Paul Elliott. Sounds. 27 de maio de 1989]