MINAS – MILTON NASCIMENTO (1975)

Em 1975, Milton Nascimento lançou seu sétimo disco, “Minas”, cujo título une as primeiras sílabas de seu nome e remete a Minas Gerais. A expressiva capa reforça sua afro-brasilidade e é assinada por Cafi, fotógrafo, Noguchi, diretor de arte, e Ronaldo Bastos, produtor do álbum. Com arranjos de Wagner Tiso e supervisão musical de Milton e Bastos, “Minas” traz instrumentistas excepcionais, como Novelli, Paulinho Braga, Nivaldo Ornelas e Toninho Horta, e participações de Beto Guedes, Nana Caymmi, Joyce, Fafá de Belém, MPB-4 e Golden Boys.

Conduzido pela límpida voz do cantor, o ouvinte viaja por um universo musical que conjuga coros infantis, guitarras agitadas, silêncios inesperados e uma extraordinária e atemporal sonoridade. As ricas experiências sonoras sublinham a dimensão política de obras como “Fé cega, faca amolada” (Milton/ Bastos), clara oposição ao regime ditatorial, e “Saudade dos aviões da Panair (Conversando no bar) (Milton/ Fernando Brant), referência a companhia área extinta pelo governo militar.

O incômodo de “Gran circo” (Milton), representação crítica do país, seus governantes e o povo, se acentua em “Trastevere” (Milton/ Bastos), tentativa de diálogo entre um pai cego e seu filho surdo-mudo. Triste e bela, “Ponta de areia” (Milton/ Brant) lamenta o fim da ferrovia que ligava Minas ao mar da Bahia.

Primeira parceria com Caetano Veloso, “Paula e Bebeto” se tornou um ícone da liberdade sexual defendendo que “qualquer maneira de amor vale a pena”. Milton completa 80 anos este mês, tendo um de seus grandes discos relançado pela Universal Music.