A música ‘Universo Reduzido’ é uma tentativa de organizar, expressar ou, talvez, até exorcizar a montanha russa interna de emoções dos últimos dois anos. É uma canção muito introspectiva, que se esforça em cavar a fundo sensações muito reais – às vezes muito subjetivas e às vezes bem objetivas – que fazem parte desse novo vocabulário de emoções com que fomos obrigados a conviver nesses últimos tempos.
Ela completa, de certa forma, quase que um padrão de como eu produzi as músicas nesse período (como no EP ‘10:39’). Todas intensas, muito introspectivas e realmente me traduzindo muito. Espero que ‘Universo Reduzido’ venha para selar esse ciclo de produções assim. Sigo na expectativa de, no ano que vem, encontrar espaço interior para escrever coisas mais leves e voltar a viver coisas mais comuns do dia a dia”.
Para mim, nesse período, pareceu impossível produzir outro tipo de coisa. Era como se minha arte, minha música não pudesse ser mais leve porque soaria como uma total desconexão com a realidade vivida por mim e, imagino, por grande parte das pessoas.
Mesmo acreditando que essa música possa ser o fim desse denso ciclo, ela não é, exatamente, ou somente positiva. Penso que representa bem a sensação de muita gente; algo como ‘vamos ver como as coisas vão, de fato, ficar’.
O clipe todo foi pensando, também, para trazer uma simbologia em cada um dos detalhes. Algo bem não literal das sensações que estamos vivendo. Todo ambiente é ‘firme, rígido’ ao primeiro olhar aparente, mas, por dentro, não tem essa solidez toda. É, na verdade, um passeio por sensações expressas pelos movimentos corporais ou na utilização de sobreposições. Tudo mostra esse misto de sentimentos que vivemos nesse período. Como os sentimentos contraditórios de uma satisfação de, por exemplo, poder ter um contato maior com a família e ao, mesmo tempo, um desespero de não ter contato com o mundo, ou ainda de não ter boas perspectivas.
Na música – produzida na Espanha com Jason Tarver e no Brasil com o Lucas (Lima) – houve o cuidado em ter arranjos que, de certa forma, fossem esse complemento de toda simbologia pensada. Como se nada estivesse soando como realmente é. O piano não soa exatamente como um piano, a bateria não soa exatamente como bateria, as cordas não soam exatamente como cordas. O único elemento que soa ‘real’ e fidedigno é a minha voz – ainda que embargada de toda essa carga de sentimentos. Tudo isso para, mais uma vez, simbolizar essa sensação de que o mundo inteiro está lá, mas não está.
E nesse trabalho está, como sempre, a minha verdade.
Com amor,
Sandy