Poucos artistas regionais chegaram tão longe quanto Teixeirinha. Tornou-se um verdadeiro mito da música regional gaúcha, desde a sua estreia, em 1959, sobretudo após o estouro da toada-milonga autoral “Coração de luto”, no ano seguinte, que transcendeu os limites de seu estado e ganhou o país de Norte a Sul. O chamado “Gaúcho Coração do Rio Grande” nos deixou há 35 anos e, para celebrar a data, a Universal Music lança nas principais plataformas de streaming 14 álbuns do cantor gravados nos anos 1960 e 70, todos de grande sucesso, visto que chegou a ser chamado de “O Rei do Disco”, além de duas compilações. Gravava uma média de dois álbuns por ano até sua morte prematura, em 1985, aos 58 anos.
A vida de Teixeirinha daria um filme, pois seu pai morreu muito cedo, quanto tinha seis anos, e nascido numa família de camponeses, naquele tempo uma viúva sozinha não podia continuar nas terras de grandes fazendeiros. Daí que a mãe precisou deixar a casa onde morava com os filhos e ir se aventurar noutra freguesia. Saiu barganhando ajuda, entregou alguns de seus filhos para outros criarem, mas manteve o futuro filho famoso por perto. Aos nove anos, porém, voltando da escola, o menino viu que ela, ao sofrer um ataque epilético, acabou se queimando na própria fogueira da casa que havia acendido no quintal, uma tragédia sem igual que acabou servindo de inspiração para seu maior clássico, “Coração de luto”. A seguir, chegou a morar na rua, mas esforçando-se de todas as maneiras possíveis, foi sobrevivendo.
Nos poucos meses que frequentou a escola, aprendeu a ler, peregrinou por muitas cidades do Rio Grande do Sul, onde trabalhou em granjas, até chegar à capital, quando carregou malas, foi ambulante, vendendo doces e jornais, até chegar ao DAER, Departamento Estadual de Estradas e Rodagem, onde foi operador de máquinas durante seis anos. Como tinha o dom de fazer versos e de improvisar desde menino, foi se embrenhando nas cantorias e neste momento passou a tentar a carreira artística, atuando em rádios do interior, além de animar festas e realizar seus primeiros shows. Enfim, surgiu a oportunidade de gravar um disco. Saiu de Porto Alegre, onde Diogo Muleiro, o Palmeira, grande artista e produtor da música sertaneja, resolveu gravá-lo, em São Paulo. Não tardaria para que fizesse fama e fortuna, pois, visionário, tinha grande tino comercial.
Além de cantor e compositor, foi radialista, comprando os horários nas emissoras locais, para não se sujeitar ao cachê que lhe impusessem, tornando-se líder de audiência por décadas, e também virou ator, participando de filmes, sendo que a partir do terceiro, a exemplo de Mazzaropi, passou também a produzi-los. Chegou a atuar em pelo menos 12 películas. Fora do meio artístico, ainda teve uma rede de postos de gasolina.
Musicalmente, entendia muito da alma popular, tanto que virou o “Rei do Disco”. Vendia muito. Não se preocupava com a crítica musical muito severa de seu tempo, mas em escrever ou interpretar canções simples que comunicassem direto à alma de seu público – e que público! Em 1961, começou uma parceria musical com a acordeonista e cantora Mary Terezinha, que o acompanhou em shows e discos até 1983, agradando principalmente nos chamados “desafios”, uma espécie de repente gaúcho, onde um dizia uma bravata e o outro respondia. O sucesso, a cada ano, aumentava tanto que sua fama ultrapassou as fronteiras do país, fazendo de Teixeirinha o único artista de seu segmento a ter uma carreira internacional relevante, apresentando-se e tendo dezenas de discos editados nos EUA, Canadá, América Latina, Europa e África.
Gravando desde 1959, foi em 1967 que a Copacabana Discos (atual Universal Music) comprou seu passe. Ali, gravou 16 álbuns, permanecendo até 77, todos agora disponibilizados em streaming. Foram gravações em que passeou tanto pelos gêneros gaúchos, como xotes, rancheiras e milongas, quanto pela caipira/sertaneja, em toadas, rasqueados, arrasta-pés e guarânias, além do estilo romântico bem popular à moda de Nelson Gonçalves, registrando valsas, tangos e sambas-canções. Alguns de seus maiores sucessos nesta fase foram os xotes “Querência amada”, espécie de hino extraoficial do Rio Grande do Sul, e “Mocinho aventureiro” e “Tropeiro velho”, mas ainda “O colono”, “Não é papo furado”, “Lindo rancho” – todos xotes também; mais o valseado “Amor de contrabando”, o rasqueado “Doce coração de mãe”, o arrasta-pé “Chofer de taxi”, a valsa “Aliança de ouro”, o tango “Cinzeiro amigo” e desafios, como “Pega e gruda” e “Desafio do martelo”, estes ao lado de Mary Terezinha.
Por Rodrigo Faour
Os álbuns reeditados
Além dos álbuns “Dorme Angelita” (1967) e “O rei” (1969), e das coletâneas “O melhor do desafio” (1978) e “Raízes dos Pampas – vol. 2” (1999), já disponibilizadas em streaming, entram agora os seguintes álbuns, com os respectivos sucessos:
1 – “Mocinho Aventureiro” (1967) – A faixa-título, “Tábua fria que chora”, “Percorrendo o meu país” e “Parabéns”.
2 – “Última Tropeada” (1968) – “Tropeiro velho”, “Desafio do martelo” (com Mary Terezinha), “Última tropeada” e “Papai Noel”.
3 – “Doce Coração de Mãe” (1968) – A faixa-título, “Tramandaí”, “Eu ando errante”, “20 anos mais velho”, “A vida do operário” e “Valsa das flores”,
4 – “Volume de Prata” (1969) – “Hino ao motorista” e “Até breve, Angelita”.
5 – “Carícias de Amor” (1970) – “Não é papo furado”, “Carícias de amor”; “Azulão”, “Briga bonita” e “Bom de bola” (as duas últimas, com Mary Terezinha).
6 – “Doce “Amor” (1970) – “O caneco é nosso”, “O pobre João”, a faixa-título e “Cinzeiro amigo” (as duas últimas, com Mary Terezinha).
7 – “Num Fora de Série” (1971) – Disco em que interpreta outros compositores, como Lupicínio Rodrigues (“Vingança”), Adelino Moreira (“A volta do boêmio”), Herivelto Martins (“Caminhemos”) e Angelino de Oliveira, autor do clássico caipira “Tristeza do Jeca”.
8 “Chimarrão da Hospitalidade” (1971) – “Chofer de táxi”, “Levanta a cabeça, homem”, “Notícias”, “Passarinho canta”, “Amor de contrabando” e “Pega e gruda” (com Mary Terezinha).
9 – Entre a Cruz e o Amor” (1971) – A faixa-título, “Recado”, “Zé Maria”, “Martelinho pra frente” (com Mary Terezinha).
10 – Músicas do filme “Ela Tornou-se Freira” (1972) – Traz velhos sucessos e as inéditas em LP, “Perdoar é divino” e “Improviso nº1”.
11 – “Minha Homenagem” (1973) – Álbum de intérprete, com “Judiaria” (Lupicínio Rodrigues), “Dançador de xote” (Adelar Bertussi) e “O menino da porteira” (Teddy Vieira/ Luisinho) e “Tempo de mocinho” (Raul Torres).
12 – “Aliança de Ouro” (1975) – “Querência amada”, “Os olhos que olham” e a faixa-título.
13 – “Lindo Rancho” (1975) – “Desafio dos brasas”, “Cantando nos States” (ambos, com Mary Terezinha), a faixa-título e “Um mundo de amor”,
14 – “Norte a Sul” (1977) – Álbum de intérprete, destacando “Cortado estradão” (Anacleto Rosas Júnior) e “Cavalo Zaino” (Raul Torres), “Asa branca” e “Assum preto” (ambas de Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira).
15 – “Último Adeus” (coletânea) (1985) – Coletânea póstuma, lançada logo após sua morte. Falecido em 4 de dezembro de 1985, este disco saiu pouco antes do Natal daquele ano. É bem completa, trazendo grandes sucessos do cantor, como o xote “O colono”, “Tropeiro velho”, “Não é papo furado”, “Porto Alegre” e “Lindo rancho” e “Amor de contrabando”.
16 – “Raízes dos Pampas (vol. 1)” (coletânea) (1999) – Esta série saiu entre 1997 e 99, sucedendo a “Raízes sertanejas”. Teixeirinha foi o único que mereceu dois volumes nesta série. Entre os sucessos, “Doce coração de mãe”, “Chofer de taxi”, “Aliança de ouro”, “Não é papo furado” e o desafio “Pega e gruda”, com Mary Terezinha.
Teixeirinha – disco a disco – lançamento: agosto/2020
1 – “Mocinho Aventureiro” (1967) – Primeiro LP de Teixeirinha na Copacabana, traz 12 canções autorais, destacando a faixa-título, o xote “Mocinho aventureiro”, sobre um menino que sai de casa muito cedo e vai ganhar o mundo para sobreviver. Outras músicas interessantes são “Tábua fria que chora”, um tango sobre o seu companheiro inseparável, o violão; o rasqueado “Percorrendo o meu país” e a valsa “Parabéns”, que até hoje, em alguns programas regionais de rádio, os locutores colocam esta canção para homenagear os aniversariantes do dia. Este álbum teve a participação da cantora e acordeonista Mary Terezinha no desafio “Os cãn-cãs do desafio” e no arrasta-pé “Você não gosta de mim”. Foi reeditado duas vezes em Portugal.
2 – “Última Tropeada” (1968) – Um dos discos mais vendidos de Teixeirinha nessa fase da Copacabana. É um álbum de canções autorais, que começou emplacando a toada-título “Última tropeada”, depois outra toada, bastante singela, “Papai Noel”, e estourou mesmo com o xote “Tropeiro velho”, que caiu no gosto popular, tornando-se um clássico de seu repertório. Mary Terezinha participa na faixa-título, no xote “Desiludido”, no rasqueado “Fim do baile” e no “Desafio do martelo”. A propósito, os desafios, nesta fase da Copacabana, se tornaram uma marca em sua discografia. Este álbum ganhou uma edição na Venezuela.
3 – “Doce Coração de Mãe” (1968) – Terceiro LP de Teixeirinha na extinta Copacabana e segundo em que aparece na capa sem os tradicionais trajes de gaúcho (o primeiro foi “Dorme Angelita”, do ano anterior). Com isto, queria demonstrar que cantava outros gêneros além do regional gaúcho. Com 12 canções autorais, o destaque maior é a faixa-título, o rasqueado “Doce coração de mãe”, na linhagem do “Coração de luto”, já que após tal sucesso que marcou sua carreira, passou a compor diversas canções abordando o tema da saudade materna. Mary Terezinha participa em “O desafio dos bambas” e no arrasta-pé “Esta noite nos separa”. Outros destaques são as guarânias “Tramandaí”, homenageando a cidade homônima; “Eu ando errante”, sobre um romance terminado; os rasqueados “20 anos mais velho”, que fala da paixão por uma moça bem jovem, “A vida do operário”, uma homenagem ao trabalhador humilde; e ainda “Valsa das flores”, em que mostra a singeleza do caipira. Este álbum também foi lançado na Venezuela.
4 – “Volume de Prata” (1969) – Traz o cantor na capa, novamente no estilo gaúcho, mas com uma novidade: sem o bigode, uma de suas marcas. O título é alusivo ao fato de ser o seu 25º LP. Embora não apresente canções que tenham se eternizado, à época obtiveram relativa repercussão a marcha “Hino ao motorista” e a valsa “Até breve, Angelita”, esta uma sequência da faixa-título de seu segundo LP na Copacabana, “Dorme, Angelita”. Ambas foram inclusas no filme “O Motorista Sem Limites” (1970), segunda película em que atuou. Seguindo a linha dos outros trabalhos, fala da vida do campo e das cidades, destacando ainda a milonga “Santana do Livramento”, o tango “Vida fantasia” (mostrando seu lado romântico) e o xote “Pescaria e recordação”.
5 – “Carícias de Amor” (1970) – Este disco marcou época na carreira de Teixeirinha, sendo lançado também na Venezuela. Ainda sem bigode, aparece na capa gravando no estúdio da Copacabana, sem as vestes de gaúcho, mas de homem da cidade. Destaca-se o xote “Não é papo furado”, composta logo que recebeu o título de “Rei do Disco” e, por consequência, diversas críticas de seus detratores. Destacam-se também a faixa-título, “Carícias de amor”, uma marcha/arrasta-pé, que se tornou clássica em seu repertório; o rasqueado “Azulão”, uma fábula em que ele é amigo do pássaro azulão e ambos sofrem pela perda da amada e os desafios “Briga bonita” e “Bom de bola”, ambos em dueto com Mary Terezinha. Ela mesma, sozinha, ainda canta um samba, “Tristeza”, que assim como as outras onze faixas, foi composta pelo artista.
6 – “Doce Amor” (1970) – Na capa deste álbum, Teixeirinha pela primeira vez aparece com sua parceira, Mary Terezinha, que participa na faixa-título e no coro de “Cinzeiro amigo”. Foram bastante sucesso as faixas “O caneco é nosso”, por conta da vitória da seleção brasileira, campeã da Copa do Mundo de 1970; “O pobre João” (que depois foi usada por ele num filme, batizado com este nome); a toada-título “Doce amor” e o tango “Cinzeiro amigo”, no estilo dos que Nelson Gonçalves gravou, em que o objeto é seu único amigo que pode ouvir “bem quieto” suas lamúrias, guardando as pontas de seus cigarros, fumados nas “noites que não tem fim”, amargando o esquecimento da amada.
7 – “Num Fora de Série” (1971) – Um álbum que marcou época por selar as pazes entre Teixeirinha e o apresentador Flávio Cavalcanti, que sempre quebrava seus discos em seu programa “Um Instante Maestro”, na TV Tupi – tanto que aparece na capa, apertando a mão do cantor. Neste, o jornalista assina o prefácio e escolhe as músicas de seu repertório. É o segundo disco que ele grava outros compositores, incluindo os clássicos românticos “Vingança” (Lupicínio Rodrigues), “A volta do boêmio” (Adelino Moreira), “Sertaneja” (René Bittencourt), “Caminhemos” (Herivelto Martins) e ainda a toada “Tristeza do Jeca”, um standard sertanejo. Este álbum também foi editado em Portugal e na Venezuela.
8 – “Chimarrão da Hospitalidade” (1971) – Um álbum bastante conhecido de Teixeirinha, quase simultaneamente lançado também em Portugal. Na capa, o cantor aparece tomando chimarrão, um símbolo da cultura gaúcha, mas sem trajar a indumentária típica. Foram sucessos o arrasta-pé “Chofer de táxi”, em que mostra a virilidade típica do homem do Sul da época, como um motorista Don Juan; a encorajadora milonga “Levanta a cabeça, homem”, o rasqueado “Notícias” – uma homenagem ao palhaço (e seu amigo) Caboclinho II, morto num acidente de carro; a prosaica milonga “Passarinho canta”, o valseado “Amor de contrabando”, além do desafio “Pega e gruda”, com a participação de Mary Terezinha, também presente em “Rio Grande brasileiro”.
9 – “Entre a Cruz e o Amor” (1971) – Se modernizando em termos sonoros, pela primeira vez aparece acompanhado de instrumentos elétricos, como a guitarra (incluindo uma inusitada distorção na toada-canção “Zé Maria”). A faixa-título, “Entre a cruz e o amor”, é também uma toada-canção no estilo seresteiro de Orlando Silva e Nelson Gonçalves, uma sequência de “Ela tornou-se freira”, em um rapaz amarga a falta de sua amada, que se converteu à vida religiosa, pelo resto de seus dias, apesar da insistência para que ela desista do hábito. Teixeirinha a compôs já pensando no filme que lançaria no ano seguinte e foi a que mais fez sucesso no álbum. Também apareceu bastante o rasqueado “Recado”, a referida toada-canção “Zé Maria”, outra em que o protagonista sofria lamentando a perda da amada, e o desafio “Martelinho pra frente”. Esta última é uma das quatro faixas que traz a voz de Mary Terezinha. Ela participa também na rancheira “Abre a sanfona”, na milonga “E agora, coração”, além de defender, sozinha mesmo, o samba “Aquele amor”, uma das 12 canções autorais do repertório.
10 – Músicas do filme “Ela Tornou-se Freira” (1972) – Este LP foi um dos álbuns mais vendidos de Teixeirinha, trazendo as canções do terceiro filme em que o cantor participava, sendo o primeiro editado por sua própria produtora, Teixeirinha Produções, com fotos de takes da película estampadas na capa. Aliás, é também o primeiro em que o nome da parceira Mary Terezinha aparece com destaque numa capa de disco do cantor. Acaba praticamente sendo uma coletânea, por rebobinar alguns de seus sucessos, mas apresenta também a canção “Perdoar é divino” (Adelino Moreira), lançada anteriormente apenas em compacto, e a inédita “Improviso nº1”, de sua autoria.
11 – “Minha Homenagem” (1973) – Trata-se de um álbum em que pela primeira vez Teixeirinha e Mary Terezinha aparecem na capa portando seus instrumentos – ele, com o violão, e ela com o acordeão, embora ela figure apenas como musicista neste disco, sem cantar nenhuma faixa. É o terceiro dos quatro álbuns do cantor em que foi apenas intérprete de outros autores que admirava, equilibrando-se entre compositores gaúchos e da seara sertaneja. No primeiro caso, escolheu Lupicínio Rodrigues (“Judiaria”) e Adelar Bertussi, dos Irmãos Bertussi, da pioneira dupla caipira dos Pampas (“Dançador de xote”), e no segundo, Teddy Vieira e Luisinho (“O menino da porteira”) e Raul Torres (“Tempo de mocinho”). Havia ainda uma recriação do sucesso de Waldick Soriano, estourado à época, “Paixão de um homem”.
12 – “Aliança de Ouro” (1975) – Após uma breve passagem em três discos na Continental, ele voltava à Copacabana com este álbum em que aparecia de terno e ainda sem bigode na capa, e que também foi editado na Venezuela. A valsa-título, “Aliança de ouro”, obteve grande sucesso. O rasqueado “Olhar feiticeiro”, em dueto com Mary Terezinha, também agradou, bem como a valsa “Os olhos que falam”, mas nada que se comparasse ao xote “Querência amada”, que depois de “Coração de luto” tornou-se o maior sucesso do cantor, tornando-se um hino extraoficial do Rio Grande do Sul. Não há gaúcho que não conheça ao menos o seu refrão: “Querência amada dos parreirais/ Da uva vem o vinho/ Do povo vem o carinho/ Bondade nunca é demais/ Deus é gaúcho/ De espora e mango/ Foi maragato ou foi chimango/ Querência amada/ Meu céu de anil/ Este Rio Grande gigante/ Mais uma estrela brilhante/ Na bandeira do Brasil”.
13 – “Lindo Rancho” (1975) – É o álbum de Teixeirinha com maior participação da companheira Mary Terezinha. Ela está no vaneirão “Caçando marrecão”, no pitoresco samba de breque “Malandro legal”, nos desafios “Casalzinho violento” e “Desafio dos brasas” e nos rasqueados “Preciso de você” e “Cantando nos States”, este alusivo à sua primeira turnê por EUA e Canadá. Também se destaca o xote-título, “Lindo rancho”, em que exalta seu ranchinho no interior, orgulhoso de não precisar de nada da cidade grande, e a milonga utópica “Um mundo de amor”, em que idealiza um planeta pacífico, sem guerras.
14 – “Norte a Sul” (1977) – Trata-se do quarto e último álbum de Teixeirinha voltado apenas ao repertório de intérprete, no caso, destacando majoritariamente clássicos da música caipira. O motivo de sua realização foi saudar o público deste gênero musical que o venerava. Embora nenhuma tenha sido sucesso em sua voz, destacam-se os valseados “Cortando estradão” (Anacleto Rosas Júnior) e “Cavalo Zaino” (uma das quatro canções Raul Torres inclusas no disco, já que o artista foi uma de suas maiores referências no início da carreira, ao lado de Tonico e Tinoco), e ainda a valsa “Flor gaúcha” (Priminho) e o rasqueado “Paraná do Norte” (Palmeira). Curiosamente, inclui duas canções do mito da música nordestina, Luiz Gonzaga, de quem foi grande amigo, chegando até a excursionarem juntos pelo país: “Asa branca” e “Assum preto”, ambas com Humberto Teixeira.
15 – “Último Adeus” (coletânea) (1985) – Coletânea póstuma, lançada logo após a morte de Teixeirinha. Falecido em 4 de dezembro de 1985, este disco saiu pouco antes do Natal daquele ano. É bem completa, trazendo grandes sucessos do cantor, como o xote “O colono”, que conta a história de um rapaz agricultor que vai à cidade com sua roupa de roça e ao sofrer chacota de um homem no local, o cantor dá uma lição de moral no sujeito. “Tropeiro velho”, “Não é papo furado”, “Porto Alegre”, “Lindo rancho” e “Amor de contrabando” fecham o repertório de êxitos.
16 – “Raízes dos Pampas (vol. 1)” (coletânea) (1999) – Esta série saiu entre 1997 e 99, sucedendo a “Raízes sertanejas”. Teixeirinha foi o único artista que mereceu dois volumes nesta série vitoriosa da extinta EMI (atual Universal Music). Entre os sucessos, “Doce coração de mãe”, “Chofer de taxi”, “Aliança de ouro”, “Não é papo furado” e o desafio “Pega e gruda”, com Mary Terezinha.
PRODUTOS QUE JÁ ESTAVAM NO DIGITAL
1967 | Dorme Angelita
1978 | O Melhor do Desafio – compilação
1969 | O Rei
1999 | Raízes dos Pampas vol. 2 – compilação