Antes de mais nada, a arte é o transbordamento de uma solidão. É o ponto máximo de um processo introspectivo que gera uma pintura, poesia e, muitas vezes, música. E a melodia pode ser de qualquer gênero – funk, pop, samba ou jazz. Nesta quarentena, graças à internet, estamos podendo entrar na solidão de muitos artistas e ver como é este processo de criação. E uma dessas artistas que tem se mostrado muito talentosa é a cantora Gabily.
Seja no violão, no ukelele ou até mesmo no piano, Gabily tem postado em seu Instagram versões acústicas de funks ‘proibidões’. O sucesso da sua ideia e o engajamento do público fez a cantora criar o EP “Putaria Clássica”, com três versões de músicas já conhecidas e uma faixa inédita, intitulada de “Chama a Polícia”, que é uma composição própria e também foi eleita como single de trabalho. Ouça e baixe aqui. O projeto também será audiovisual, com clipe de todas as canções disponíveis no YouTube. Assista agora aqui.
“Foi uma maneira de me posicionar com relação à liberdade de expressão da mulher. Quis ver a reação das pessoas e esperava que o público ia ficar bem dividido. Sei que causa um certo espanto que não deveria ocorrer, porque o homem canta esse estilo de música há muito tempo. Eu quis quebrar paradigmas mesmo, mostrar que o valor da mulher não tem nada a ver com o que ela canta ou dança. A gente é muito mais que um palavrão ou um short curto”, comenta Gabily. O novo trabalho, carregado de conceito e ideologia, já tem até uma madrinha para lhe abrir os caminhos: Valesca Popozuda.
“Putaria Clássica” também quer provar que, assim como existem talentos cantando pop, tem artista com a afinação e a musicalidade perfeitos para interpretar músicas explícitas. E, na privacidade e solidão de seu isolamento, ela revela o quanto a luta contra o preconceito da mulher no funk ainda tem uma longa estrada a ser percorrida.